quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Discos Históricos: Tim Maia - Racional



Fico pensando hoje em dia quando vejo Rodolfo (Ex-Raimundos), Mara Maravilha, Gretchen e Waguinho (Alguém lembra da mina de fé?) onde isso teve uma possível origem? Eu lembrei do Tim Maia.
Creio que posso dividir o Tim Maia em três fases: Síndico, Racional e Síndico. Eu explico:
Quando o Tim se tornou síndico pela primeira vez, ele se destacou por ter uma vida pessoal confundida com a profissional. Entrava no palco muitas vezes drogado, e sempre muito exigente com a parte técnica (Ele era um similar do James Brown. exigindo mais retorno dos técnicos de som, quando o som não estava lá essas coisas. Até mesmo chegando abandonar alguns shows). Tim também era um ateu confesso, até quando um dia na casa de um amigo chamado Tibério Gaspar, entrou em contato com o Livro: O Universo em desencanto. Após entrar em contato com a leitura desse livro, o cantor foi levado pelo mesmo amigo para a Baixada Fluminense, no intuíto de conhecer o líder da seita Racional Manoel Jacintho Coelho. O homem conhecido como Sacerdote do Racional Superior, que psicografava os livros do Universo em desencanto.
Após um sumiço (levando em consideração que havia um disco em estágio de produção) Tim Maia retornou totalmente conectado com as ideias do Racional superior, retratado no disco que eu vou falar agora:






Racional é um disco muito cultuado. Se perguntar pra 9 entre 10 críticos de musicais qual seria um dos discos mais curiosos da MPB, Racional estaria nesta possível lista. Confesso que fui apresentado a esse disco em uma época muito estranha da minha vida. Estava eu mergulhando na soul music e um amigo que tinha ele em vinil, me colocou pra ouvir. Ele me contou as histórias mais estranhas, como a de que o Tim Maia teria convertido a banda toda e comprado móveis e eletrodomésticos brancos pra sua casa. Além do fato da primeira aparição em um programa da globo onde todos vestidos de branco causaram espanto aos telespectadores. Nesse momento Tim Maia surgia como um arauto de uma voz superior e renegando todo os seus hábitos do passado. Como Nelson Motta mesmo diz: "Tim Maia abandonou o triatlo: Cocaína, Uísque e Maconha" e fez um disco notável pra história da MPB.
Vale ressaltar que, mesmo estando mais "calmo", O velho Tim ainda teve histórias bem bizarras que Nelson Motta retratou no seu livro sobre a vida de Tim Maia: Quando Tim e Raul seixas discutiram sobre a cocaína no corredor do prédio em que moravam, Raul fazia apologia ao uso da cocaína e Tim Maia lançou a seguinte frase:  “Tu toma cuidado, hein, magrelo. Nego cheira cocaína e fica logo com vontade de dar o cu, cocaína afrouxa o brioco, mermão!”

E uma segunda história envolvendo James Brown, Curtis mayfield e John Lennon. Quando enviou os livros do universo em desencanto  para os três. Afirmou que mesmo em Portugês, o Racional Superior se encarregaria de fazê-los entender a doutrina.

Ou não. Tim acabou mandando também LP e livro para John Lennon, mas recebeu como resposta uma foto do ex-Beattle inteiramente nu, com um bilhete:

Dear freak,
I don’t understand Portuguese. What about LISTEN to this photo?
John Lennon”

Tim ficou possesso. Disse que no jornal que o Racional Superior tinha dado só mais nove anos de vida a Lennon, que estava marcado para morrer em 1984. Só esqueceu de avisar ao manolo que largou uns tiros nele.

Vamos ao disco: 
Racional nada mais é do que um proselitismo, convocando o ouvinte a integrar a seita que o cantor fazia parte na época. As letras não passam de uma tentativa de lavagem cerebral (sim, acho que Edir Macedo, Malafaia e afins tem um pouco dessas ideias extraídas daí) na tentativa de convocar o ouvinte para aquele mundo "Racional".

Musicalmente falando (Acho que ainda não comentei que sou baixista e a minha admiração pela Black Music, né? Fica pra outro post.) O disco na minha opinião é o mais consistente, com linhas de baixo sempre muito precisas e suingadas, além da voz inconfundível e cheia de malemolência do Velho Tim.
Se o espírito do Tim Maia arruaceiro estava adormecido, sua técnica inevitavelmente ficou mais apurada durante Racional. Destaco o Volume 1 e o Volume 2, pois o terceiro volume foi apenas um apanhado de gravações não terminadas e sinceramente acho inconsistente. No volume 1 eu destaco as faixas: Que beleza, Bom senso e Leia o livro universo em desencanto. (Se acostume com essa frase, ele fala elao disco todo, até em inglês). No Volume 2, fico apenas com: O Caminho do Bem (Lembra da música no final do filme Cidade de Deus?).

Enfim, após essa digressão, Tim Maia abandonou a seita Racional, vendo que fazia shows restritos apenas para pessoas da seita e viu consistentemente suas somas em dinheiro sendo diminuidas enquanto Manoel Jacintho somava generosas quantias em dinheiro. reza a lenda que no dia em que abandonou a seita, Tim Maia tomou um porre de uísque e gritou ao mundo que Manoel Jacintho era um charlatão, pilantra, safado e bandido. O cantor voltou então a ser o síndico até a sua morte em 1998. Eu considero Tim Maia uma espécie de Darth Vader da MPB. Ele era dotado de um baita talento, migrando do lado bom para o lado negativo da força e voltando para o lado bom (analogia bem gordinho nerd).

Resumindo, indico esse disco a todos aqueles que querem ouvir o que pode ter sido o início de discos com temática religiosa na MPB. Pelo amor de Deus! não ouçam Racional achando que é um disco fácil de ouvir, pois não é. Em muitos momentos parece que você está sendo convertido aos poucos. Esse disco é indicado pra quem tem suas convicções religiosas bem firmadas.

Segue Link para download:

Racional Volume 1 - http://www.megaupload.com/?d=OWO01ERP

Racional Volume 2 - http://www.megaupload.com/?d=QPS3XSSZ

Até a próxima, após o carnaval
Ramon

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Saudações

Esse é o meu primeiro post e o objetivo desse blog é justamente postar albuns de gêneros musicais nem sempre alinhados. O objetivo maior é falar de música, independente do estilo. Semanalmente vou postar discos do meu acervo, procurando ao fim de cada mês colocar um disco clássico para história da música.

Sendo assim, vou começar as atividades com um disco de certa forma injustiçada, mas bem interessante: A Momentary Lapse of Reason do Pink Floyd:



Após o fim da Era Roger Waters em 1985, o Pink Floyd lançou A momentary Lapse of Reason. Um disco acusado pelos críticos de ter menos substância do que os discos da fase com Waters no comando. Na minha humilde opinião é um bom disco, aquém das grandes obras que o Pink Floyd lançou. Analisando friamente, é um disco com um apelo mais técnico do que os outros discos do Pink Floyd, David Gilmour em entrevistas na época dizia que precisava fazer esse álbum para que Nick Mason e Rick Wright recuperassem a auto-estima desgastada pelos tempos de convivência com Waters, que na mesma época disse que A Momentary Lapse of Reason não passava de um nome soberbo para um disco do dito Pink Floyd (Vale lembrar que nesse momento, Waters tinha perdido na justiça o direito sobre a franquia Pink Floyd).

O álbum em questão, chegou a ficar em terceiro lugar de vendas no Reino Unido e nos EUA. O que não foi um fracasso, levando-se em consideração o histórico da banda. As faixas que ganharam mais destaque na época foram: Learning to Fly e On the Turning way. Contudo, além dessas, vale a conferida em mais três faixas, que são One Slip, Dogs of War e Sorrow.

A momentary é um bom disco para você escutar em momentos mais introspectivos, ou seja, não tente a proeza de ouvir esse disco com a sua namorada, fazer isso seria decretar o fim do seu relacionamento.

Fica a dica.

Segue o link para baixar:


http://www.megaupload.com/?d=UY0VDW4R

Até a próxima.